quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Há muito tempo


Risk & Shmoo
Os corpos choravam suores salgados de emoção.
As bocas se olhavam entreabertas, incrédulas
do gosto que se lhe ofereciam.
O som era de ritmos silenciosos.
Tudo muito quieto. Tudo muito bom.

No início tem o medo de doer, quando goza o coração. É isso que faz gemer.
Ai, ai, que medo!
Aí tem o tesão, infinito como ão.

Respiravam o ar pelos
pelos, pêlos, pêlos nus.
Odores de homem em cheiros.
Oh, dores que ardem são ardores.
Ai que não dói.
Nem quando se descascam as peles com as unhas.
Porque as cascas se vão, pra nunca mais.

No lugar do fim, uma parada.
Para, para, para continuar no caminho.
Caminha no ar
condicionado à paixão.

E assim, num bocejo, levitaram.
Esquecidos da gravidade de seus gestos,
os anjos caídos de amor.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Fosso
Um poço que se afoga em água

Como viver rachada
Como sobreviver e não tocar a ferida

Água me engole e cospe.
Saliva secreta o verbo

Todas as manhãs se apagam
Todo dia me é tomado
Toda morte mata e não mostra o pau
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