sexta-feira, 14 de setembro de 2012
















O silêncio daquela mata era da casa de alguém.
Cheirava uma presença inacabada.
O silêncio daquela mata era a casa de alguém.
Vivo, habitado e fresco.
Tirei os sapatos para não impor àquela terra outros caminhos.
Folhas escuras apodreciam à minha passagem, sem perderem o viço.
Fada gorda de pés pequenos e leves,
mal tocavam o chão.
A lama envolveu os pés machucados
à flor da pele.
Quando morremos brotam flores da nossa pele.
A pele real é rosa carmim.
O rio crescia nos meus ouvidos e eu descia para recebê-lo em minhas pernas.
O rio. O buraco na rocha. O sexo da montanha.
(Como falta a às palavras!)
Escorria-me desfeita entre as pedras.
Era uma vez.
(silêncio)
Sentia a ausência do mundo no meu corpo.
E nesse tanto que faltava
ainda havia o resto de alguém.
Mesmo ido(a).
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