terça-feira, 14 de maio de 2013

Nem tudo que reluz é ouro


Acordei feliz, como seria impossível em um domingo. Coincidência ou não, A Felicidade Clandestina se escondia sob o edredom. Parecia até que também tentava se proteger daquela manhã fria.

Tememos os domingos e vamos a missa.
Não ri demais que vai acabar chorando...
Afinal, o riso é um gozo que escorre pela face.

Protegida e ainda morna acariciava o meu edredom, pesado como um velho cansado sobre mim. Sentia uma alegria de parque de diversões ali, na minha cama. Também havia uma certa culpa disfarçada no meio das cobertas. 
Mas naquele momento eu a serenei com um carinho de mãe.

Posso sim dar um colo a essa que me persegue.

Vai ficar aí dormindo até tarde? O dia está lindo. Lagoa, Parque Lage? E se vai ficar em casa vê se arruma suas coisas. O quarto da bagunça um dia vai virar escritório? E o quarto de empregada vai continuar daquele jeito? Não dá nem pra entrar ali...

Não adiantou ouvir seus gritos, Clarice. Tive que viver eu mesma essa mística do quarto de empregada. Chegar lá e vê-la assim, barata. Essa outra, reluzindo na gosma branca.

sábado, 11 de maio de 2013

Eu sou a gosma branca da barata morta.
Asa quebrada.
A língua que lambe a verdade selvagem,
claríssima.
Na varredura das horas
não há tempo.
E continuamos aqui esperando Godot.
Licença Creative Commons
Este trabalho foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 3.0 Não Adaptada.