Acordei feliz, como seria impossível em um domingo. Coincidência
ou não, A Felicidade Clandestina se escondia sob o edredom. Parecia até que também tentava se proteger daquela manhã fria.
Tememos os domingos e vamos a missa.
Não ri demais que vai
acabar chorando...
Afinal, o riso é um gozo que escorre pela face.
Protegida e ainda
morna acariciava o meu edredom, pesado como um velho cansado sobre mim. Sentia
uma alegria de parque de diversões ali, na minha cama. Também havia uma certa
culpa disfarçada no meio das cobertas.
Mas naquele momento eu a serenei
com um carinho de mãe.
Posso sim dar um colo a essa que me persegue.
Vai ficar aí dormindo
até tarde? O dia está lindo. Lagoa, Parque Lage? E se vai ficar em casa vê se arruma
suas coisas. O quarto da bagunça um dia vai virar escritório? E o quarto de
empregada vai continuar daquele jeito? Não dá nem pra entrar ali...
Não adiantou ouvir seus gritos, Clarice. Tive que viver eu mesma essa mística do quarto de empregada. Chegar lá e vê-la
assim, barata. Essa outra, reluzindo na gosma branca.